terça-feira, 14 de agosto de 2012

Se conduzir, evite os camiões

Mais um tempo morto que aproveito para vos escrever!
Hoje passou-se uma coisa curiosa… mas a isso já lá vamos. Primeiro quero descrever-vos as estradas (se lhe podemos chamar isso) e a forma como estes loucos conduzem.
No seguimento da primeira publicação, seguiu-se a viagem para o Sumbe. Uma das imagens que tinha deste país perdido em África eram as estradas longas, sem fim, de perder no horizonte. Pois bem, é assim mesmo! No entanto, além disso existe um conjunto de destroços de carros, carrinhas, carroças, camiões, contentores a descansar à berma da estrada. Uma coisa é certa… de onde estão já ninguém os tira! Só o pó os tapa! O que havia para tirar já foi retirado e o que sobra são apenas chassis velhos e enferrujados. Às centenas… o que faria qualquer sucateiro feliz… Sinceramente, depois de alguns meses aqui, não me admira a quantidade de destroços que se encontram nas estradas deste país. A forma de conduzir destes senhores é de bradar aos céus. Não há esquerda nem direita. Os piscas só se usam na europa e as luzes traseiras muitas vezes não funcionam. Têm muitas vezes peças do carro seguras por arames. Mas o que mais me impressiona nem é isto. Aqui a noite é escura, tão escura que nem a luz da lua ilumina a estrada. Pois bem, estes iluminados devem ter visão de gato, pois não foi uma nem duas vezes que me cruzei com condutores em que apenas me apercebi da sua presença quando as luzes do jimny os alcançaram!
Mas pior que qualquer condutor de um veículo de 4 rodas são os motards. Esses não respeitam os sinais de trânsito, o sentido das vias, o sinal dos semáforos (vi apenas semáforos em Luanda), uns autênticos anarquistas ao volante…
Tudo isto porque hoje no meu passeio diário dei de caras com um nacional conhecido, com uma brutal ligadura no joelho.
- “Então moço, que te aconteceu?”
- “Foi um camião que me empurrou para fora da estrada.”
- “Empurrou-te? Para o meio de capim?”
- “Sim.”
- “Então e já foste ao hospital? Que te disse o médico?”
- “Fui… Disse que a rótula não está no sítio”
- “Então e não te indicou outro médico para te por a rótula no lugar?”
- “Vou lá na quinta para me puxar a perna. Ele disse que puxa e que vai ao sítio.”
-“Ah… puxa e vai ao sítio! Hum… está bem!”
Lá virei costas e segui a minha viagem a pensar no coitado que foi atirado para o meio do capim por um camião…
Até à próxima! :)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A chegada a Luanda


Cheguei a Angola no dia 06 de Dezembro de 2011.
A viagem começou da melhor maneira à maneira Angolana. Estava eu sentado no meu lugar, a olhar para fora de janela, entretido a pensar como seria a chegada, como me iria sentir, se me iria adaptar e dá-se uma invasão de gente a entrar no avião com os seus sacos de compras. Fez-me recordar aqueles filmes antigos em que no antigamente se podia levar de tudo no avião, desde garrafas de vinho a animais!
Mas a grande surpresa estava guardada para 7 horas mais tarde. O avião aterrou, as portas abriram-se e como por magia senti uma rajada de ar a entrar pelo avião com o cheiro característico de Angola. Um ar quente e húmido com um odor de terra seca. Estava em Angola… “Vamos lá sair do avião que quero ver o que me espera…”! Lá fui eu de autocarro para a zona dos passageiros estrangeiros… E como fui recebido nesse dia! Cinco agentes da polícia apetrechados cada um com uma G3, não fosse algum engraçadinho querer fazer asneiras. Para me habituar ao país estive cerca de uma hora na fila à espera que a minha vez chegasse! Mal sabia eu da confusão que é a zona de chegadas do aeroporto 4 de Fevereiro. Uma enchente de gente, só angolanos. Estes meninos falam como se todos fossemos surdos. Imaginem o que é haver 40 ou 50 pessoas num espaço de 150m2 a falar da mesma forma! Surreal… Para minha salvação havia alguém com o meu nome escrito num papel… ufa… vamos lá fugir daqui! Só queria era uma cama, um espaço onde me pudesse deitar e descansar!
Cheguei à pensão onde iria passar a noite… já não era sem tempo! Subi, entrei no quarto… “Ui… é aqui que vou ficar?”. O quarto devia ser da época colonial… as paredes estavam completamente lascadas, sujas do pó da cidade! O quarto de banho era pequeno, com um lavatório, um bidé e um poliban. Curioso foi encontrar um balde de uns 20 litros cheio de água. "Para que serve isto?" Mais tarde percebi que é frequente faltar água, hum! O ar condicionado não funcionava e também não era minha intenção dormir de janela aberta. Lá vem o mosquito e pimba, ferra-me e vou ter que ir para um qualquer hospital (matadouro) apanha a vacina do paludismo. Fez-me um pouco confusão deitar-me naqueles lençóis… mas cansado como estava não demorei muito tempo a render-me.
No dia seguinte segui viagem para o Sumbe, uma cidade perdida num país esquecido!
As aventuras vão acontecer… é só esperar que tenha tempo de as escrever :)